POESÍA ESPAÑOLA
Coordinación de AURORA CUEVAS CERVERÓ
(Universidad Complutense de Madrid)
Foto e biografia: https://es.wikipedia.org/wiki/Manuel_Forcano
MANUEL FORCANO
( Espanha )
Manuel Forcano i Aparicio ( Barcelona , 1968 ) é poeta, hebraísta e tradutor de espanhol . Desde março de 2016 é Diretor do Instituto Ramon Llull.
Estudou hebraico na Universidade de Barcelona e em Israel, no Kibbutz Ha-Oguen, na Universidade de Haifa e na Universidade Hebraica de Jerusalém .
Completou sua formação estudando árabe na Síria, na Universidade de Damasco, e no Egito, no International Language Institute, no Cairo.
É doutor em filologia semítica pela UB e exerceu como professor de hebreu, arameu e de história do Oriente Antigo na Universidade de Barcelona desde 1996 até 2004. Também ensina História do Oriente Antigo na Fundación Arqueológica Clos, do Museo Egipcio de Barcelona.
Lecionou hebraico na Associação Catalunha-Israel de Relações Culturais (1992-98) e na Universidade de Girona (1995). Entre 1995 e 1996 foi o tradutor oficial do consulado de Israel em Barcelona. Participou do Projeto Manumed da União Européia (2000-2004) para a catalogação das bibliotecas de manuscritos árabes e sírios dos países da margem sul do Mediterrâneo, com missões ativas em Alepo e Damasco. Ele adaptou libretos de ópera barroca para a Real Compañía Ópera de Cámara. Desde 2004 trabalha como documentalista e dramaturgo na Jordi Savall International Early Music Center Foundation.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
BARATARIA Revista de Poesia. Ano 7 Número Doble 14 - 15. Buenos Aires: Fondo Cultura BA, Junio 2005. ISSN 1668-1460
Ex. bibl. de Antonio Miranda
POÉTICA
Cuenta Herodoto que los persas saquearon Atenas
y robaron las estatuas de tan bellas que eran.
Las custodiaron en frondosos vergeles en los palacios de Susa
y Persépolis, en castillos en las laderas de Zagros,
en mansiones suntuosas en las ribeiras dos grandes rios.
Igual que ellos, caminas por la ciudad
ávido de encontrar la belleza a la que sabes que te debes
y hacerla tuya: te maravilla un rostro, el gesto
de unas manos, la forma entreabierta
de unos labios, el fulgor
de unos ojos, el amor posible, el gozo
respuesta del deseo. Y los atesoras,
soñados, vividos, en la memoria.
A menudo te sumerges en eso como los buscadores de perlas
en el fondo iluminado del mar Índico, y emerges,
en las manos placeres o restos de naufragio.
Pues hay recuerdos de triunfo que veneras
como hacían los antiguos en los templos
con las figuras de los dioses, y las rezas.
A veces, sin embargo, el pasado es una pila llena de platos
hasta arriba,
de vasos a medias y cuchillos de punta.
Y el olvido es caprichoso: conserva miedos y estorbos,
carcome y borra esos momentos de gozo.
Y te faltan y quieres restituirlos
y sales de casa como un antiguo guerrero dispuesto a saquear.
Como un persa.
(de Como un persa, Valencia, 2001)
BÁQUICA
Abre la boca que yo le la llene (Sal. 81, 11)
Coronados con flores de viñedo
de un sorbo nos bebimos el vino de esos días.
El húmedo vientre de una jarra,
el deseo. Y los besos,
exactos a los racimos
de tu cuerpo.
(de Como un persa, Valencia 2001)
ITACA
Estaba como Ulises contemplando el mar desierto.
Triste. Pero me tocaron por la espalda y me giré.
Con un brazo me rodeó del todo
y me engulló en un beso. Cuando eres raíz
deseas tierra.
ALEPO
Cita a las diez y media
en la puerta de la gran mezquita.
Te esperaba impaciente
como en la noche un campo de girasoles
el alba.
En el sueño amanecía.
Pero amaneció y no se cumplió el sueño:
a la hora convenida
no viniste.
Tampoco más tarde.
Volví a casa
por el atajo sucio del bazar.
En los minaretes
redoblaban las campanas
y un ciego guiaba su lazarillo.
(de Ley de extranjería, libro inédito)
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução por ANTONIO MIRANDA
POÉTICA
Conta Heródoto que os persas saquearam Atenas
e roubaram as estátuas de tão belas que eram.
Custodiaram-na em frondosos pomares dos palácios de Susa
e Persépolis, em castelos nas ladeiras de Zagros,
em mansões suntuosas nas margens dos grandes rios.
Tal como eles, caminhas pela cidade
ávido de encontrar a beleza à que sabes que te deves
e possuí-la: te maravilha um rosto, o gesto
de umas mãos, a forma entreaberta
de uns lábios, o fulgor
de uns olhos, o amor possível, o gozo
resposta do desejo. E os atesouras,
sonhados, vividos, na memória.
Frequentemente mergulhas nisso como os buscadores de pérolas
no fundo iluminado do mar Índico, e emerges,
nas mãos prazeres ou restos de naufrágio.
Mas existem lembranças de triunfo que veneras
como faziam os antepassados nos templos
com as figuras dos deuses, e as rezas.
Às vezes, no entanto, o passado é um pilha de vasos
até encima,
de vasos pela metade e facas pontudas.
E o esquecimento é caprichoso: conserva medos e estorvos,
devora e borra esses momentos de gozo.
E te faltam e queres restituí-los
e sais de casa como um antigo guerreiro disposto a saquear.
Como um persa.
(de Como un persa, Valencia, 2001)
BÁQUICA
Abre a boca para que eu a encha (Sal. 81, 11)
Coroados com flores de vinhedo
de um sorvo bebemos o vinho de desses dias.
O ventre úmido de uma jarra,
o desejo. E os beijos,
exatos nos cachos
de teu corpo.
ÍTACA
Estava como Ulisses contemplando o mar deserto.
Triste. Quando me tocaram as costas e virei.
Com um braço me envolveu todo
e me engoliu em um beijo. Quando és raiz
desejas terra.
ALEPO
Encontro marcado às dez e meia
na porta da grande mesquita.
Te esperava impaciente
tal como na noite um campo de girassóis
a alvorada.
No sonho amanhecia.
Mas amanheceu e não se cumpriu o sonho:
à hora combinada
não viestes.
Tampouco mais tarde.
Voltei para casa
pelo atalho sujo do bazar.
Nos minaretes
badalavam os sinos
e um cego guiava seu guia.
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http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/espanha/espanha.html
Página publicada em fevereiro de 2023
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